Não sei se você já brincou de estilingue quando criança. O estilingue te dá poder de atirar pedra. Na sociedade do estilingue muita gente vive tacando pedra em episódios ou situações que requerem uma análise crítica muito mais profunda.
O número de automutilações entre crianças e jovens aumentou no Brasil. Contudo, muita gente segue utilizando o estilingue para tacar a pedra de que é mimimi, geração fraca, geração preguiçosa etc. Tacar pedra com o estilingue é mais fácil do que acolher verdadeiramente essa geração que está sofrendo muito.
O estilingue dá o poder do ataque. A língua de muita gente é como um estilingue que esticado até ao máximo taca pedra com muita força e machuca o alvo com suas palavras cheias de fel. Quem sofre não precisa de moralismos, esculachos, santarrões apontando seus pecados. Quem sofre precisa ser acolhido (a) de verdade, dar um cobertor de afeto para essa gente.
Quem sofre precisa ser compreendido (a) e não moído pela família, amigos, colegas de trabalho e afins. Quem sofre precisa de apoio verdadeiro, ombro que possa chorar, colo que possa ser acalentado (a), abraço que seja um oásis de carinho.
Jogue fora o estilingue da maldade, da intolerância, do julgamento, do desdém, do fundamentalismo político e religioso. Jogue fora o estilingue da presunção de achar que os outros são fracos e você é sempre forte.
Se sentir que não consegue ajudar, pelo menos não atrapalhe jogando pedras usando seu estilingue e piorando o sofrimento das pessoas. O Cristo que morreu sendo achincalhado na cruz, jogou fora o estilingue da culpa apontado para nós e se deu em favor de muitos a fim de que a humanidade sofresse menos.
Na Páscoa pense nisso com seriedade.
Anderson Flávio Batista
Psicólogo
CRP 06/149648 SP